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Quero saber-te, meu amado

 
Quero saber-te, meu amado,
naufragado, desfalecido,
ensandecido, nas meninas aquosas
azul-prússico, verde-aguado,
dos meus olhos tristes.

Quero saber-te contaminado, contagiado,
no afago molificado das luas trémulas,
dos espaços apagados,
das muralhas tombadas em gestos ávidos
no reencontro de uma estação
onde o rápido comboio passou e não parou.

Neste nó de nós, esfiapado,
onde apenas poemas
preenchem no ruído de um teclado
o silêncio em sonhos incolores
de dores, de gritos, de fúrias,
de arrebatamentos, de brados,
no desencontro
de unos caminhos pressentidos.

Quero escutar-te, meu amado!

Não me basta ouvir-te e sentir
que em algum lado, em algum lugar,
os nossos passos derivados
se perpetuam ressonantes
em toadas de cacos, em vidros
de arestas vivas, aguçadas.

Procuro a estrada.
Talvez a tua
Talvez a minha
Talvez a nossa, de uma comum rua
que prevejo seja, amado,
o começo de tudo e o fim de nada!


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Data
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2031
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Enviado por Tópico
VeraCarvalho
Publicado: 09/05/2007 22:39  Atualizado: 09/05/2007 22:39
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Usuário desde: 13/02/2007
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Mensagens: 170
 Re: Quero saber-te, meu amado
A tua métrica, a tua magia, a tua entrega, fascinam-me!
Aplaudo-te cada vez que te leio.
Um beijinho.