Quero saber-te, meu amado,
naufragado, desfalecido,
ensandecido, nas meninas aquosas
azul-prússico, verde-aguado,
dos meus olhos tristes.
Quero saber-te contaminado, contagiado,
no afago molificado das luas trémulas,
dos espaços apagados,
das muralhas tombadas em gestos ávidos
no reencontro de uma estação
onde o rápido comboio passou e não parou.
Neste nó de nós, esfiapado,
onde apenas poemas
preenchem no ruído de um teclado
o silêncio em sonhos incolores
de dores, de gritos, de fúrias,
de arrebatamentos, de brados,
no desencontro
de unos caminhos pressentidos.
Quero escutar-te, meu amado!
Não me basta ouvir-te e sentir
que em algum lado, em algum lugar,
os nossos passos derivados
se perpetuam ressonantes
em toadas de cacos, em vidros
de arestas vivas, aguçadas.
Procuro a estrada.
Talvez a tua
Talvez a minha
Talvez a nossa, de uma comum rua
que prevejo seja, amado,
o começo de tudo e o fim de nada!
MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA