Acasos de uma Física do dia-a-dia

Foi a partir daquele momento que dois olhares ao acaso se trocaram, o meu e o teu. Ao inicio foi apenas algo normal, sem a mínima importância, apenas dois olhares normais que se cruzaram.
Mas vários e vários se repetiram, vezes sem conta. Quando dava em mim, reparava que tu tinhas os teus grandes olhos pousados em mim, como estátuas num palácio.
Agora ao pensar no que afinal uma mera coincidência podia ser algo verdadeiro mas que eu apenas estava a tirar e a esconder de mim própria, a paixão que afinal sempre tivera, no fundo de mim, por ti.
Quando me sento e vejo tudo o que passou, acho que talvez podíamos não ser só meros acasos de uma física do dia-a-dia.
Por vezes ainda te procuro com o meu olhar, à espera de encontrar o teu. Quando chego a algum lado, olho em redor, para todos os cantos, para trás de tudo, à procura de algo que afinal se tornou meu conhecido.
Essa ternura que trazias, esse fervor que parecias transbordar, esse fogo, tudo concentrado nos teus olhos, que me iluminavam quando tudo parecia não estar bem.
Agora sim me arrependo de afinal, devido à minha impaciência e fraqueza de que pudesse não ser o que esperava, recuei., e tentei ignorar aquilo que para mime era fundamental, aquilo que me dava a alegria que precisava para encarar o dia, aquilo que deitei fora, o teu doce olhar, que já não está mais presente, que deixou de existir. Em poucos segundos tudo acabou, levando a concluir que não é só aos outros que coisas más acontecem. Agora que perdi aquela minha guia do dia, sei que não devo passar em branco os sinais que são óbvios mas que tentamos evitar.
Agora que já não estás mais presente, sinto a tua falta…