Corre em mim, um tédio tão profundo...
Como bruma densa que não deixa ver,
Na escura noite, lembro, tinha de ser,
Escorreguei em mim, caí bem no fundo
De me sentir alegre ou novamente iracundo…
Sinto um fastio agudo, que me afecta até o viver
Ofereço a razão ao nada, que me obriga a escolher,
Se me engano a ser quem sou, ou apenas me confundo.
Quando, entre ser o que sou me vejo perdido,
Me afronta a acerba desventura,
De me deparar em mim, e nada fazer sentido!
E até o amor se me afigura
Estranho, como algo sendo vindo esquecido!
Tombo na memória ofusca, que me auto-rasura.
Paulo Alves