Sinto os olhos pesados
Sinto uma dor nas costas
Sinto os membros cansados
Sinto o corpo cortado ás postas
Sinto um cansaço permanente
Sinto que nunca é mais do que isto
Sinto um cansaço de ser gente
Sinto que luto e nada conquisto
Sinto que minha alma se resigna
Sinto prepotência em todo lado
Sinto o querer de ser algo que não se designa
Sinto que o preciso p’ra não viver enganado
Sinto que o cansaço é só desta vida
Sinto que uma outra talvez não fosse assim
Sinto que esta está fragilizada
Sinto até mesmo que sinto não gostar de mim
Sinto que o tempo é veloz
Sinto que leva tudo e não perdoa
Sinto de leve a rouquidão da minha voz
Sinto que ela para o vento entoa
Sinto as palavras a voar
Sinto gostar de mim mais que nunca
Sinto que nas palavras a flutuar
Sinto que é na do amor que minha alma embarca
Sinto sem nunca sentir
Sinto porque assim o defino
Sinto que um sentir maior há-de vir
Sinto vontade de ser outra vez menino