Luso-Poemas
 
Acrósticos : 

Conto Infantil- A rã Berta, o lagarto Piteiras e o rato Pinxas

 
Logo do lado de baixo do cemitério, no ribeiro da Fontázia, vivia a rã Berta com o marido, filhos e netos.
O ribeiro só recebia a água que vinha das chuvas no Inverno e na Primavera. A família continuava feliz o resto do ano, para delícia dos moradores que ouviam o seu cantar, nas noites quentes de Verão.
No Verão tinha a água que corria das pias de lavar a roupa.Viviam naquele lamaçal e com a água suficiente para tomarem banho antes de se deitarem a apanhar sol.
Os tempos mudaram e com a mudança veio a infelicidade para a rã Berta.
Certo dia de calor estival, enquanto ela tratava do almoço, toda a família se aventurou. Atravessou um túnel de cimento, a partir do qual se avistava vegetação alta e verde, numa mistura de agrião e rabaças. Foram à procura de uma vida melhor.Este charco era pequeno para a família numerosa.
Não demorem, disse a rã Berta! O almoço está quase pronto!
Nunca mais regressaram!...
A pobre ia aventurar-se também, para ver o que teria acontecido, não fosse o lagarto Piteiras.
Não vá lá, senhora rã Berta!... Lamento muito ter de lhe dizer, mas estão todos mortos!...
Estão todos a boiar, de barriga para cima que até dá dó!
Mesmo assim, desejava ir; não fosse o amigo teria ido. Sentiu-se só e abandonada!...
Para quê, senhora? Quer ficar também lá?
Ainda hoje agradece àquele amigo e cada vez que fala com ele sente-se envergonhada. Já lho confessou. Achava-o pedante e emproado, quando o via ao sol, sem falar com a vizinhança. Achava-lhe um olhar de superioridade quando os olhava por cima daquelas escamas cinzentas e se esgueirava para dentro da silveira, ao menor ruído que ela fizesse, quando pretendia com ele encetar conversa.
Afinal, julgou-o injustamente!...
Está profundamente arrependida e por isso sente vergonha, quando lhe fala!...É um ser extraordinário!...
O que ela achava que era vaidade e altivez, não passava de medo, timidez e profunda tristeza. Também ele perdera a esposa, atropelada, quando atravessava a estrada.
Através dele, ficou a saber a razão pela qual o seu pequeno charco está cada vez mais seco, o que inevitavelmente a levaria à morte.
O lagarto Piteiras esgueirou-se para dentro de uma casa de habitação para ver se percebia porquê que tinha deixado de haver roupa a corar nas partes relvadas da margem do ribeiro.
Descobriu então uma caixa branca onde girava roupa em sabonária, também ela de espuma muito branca, o que demonstrava não se tratar do mesmo sabão de antigamente.
O rato Pinxa que rói tudo, segredou-lhe já ter roído os fios dessa caixa e dizia:
Amigo, a vida está a tornar-se insuportável. Os fios fizeram-me uma úlcera no estômago que me provoca dores horríveis. Já não são os gatos os nossos inimigos, com esses sim, a luta era aventura porque os fintávamos e a maior parte das vezes metíamo-nos em buracos e não nos caçavam. Agora dão-nos uns grãos apetitosos, mas envenenados e morremos secos!...Já só há veneno, neste planeta!... A comida é veneno, o sabão é veneno, a água tem veneno, tudo..tudo, tem veneno!...
O Rato Pinxas acrescentou ainda: Eu que me meto em qualquer buraco das casas, já vi os donos a fazer as necessidades fisiológicas numas caixas altas onde depois corre água.Tudo bem, o pior é que essa água vai parar àquele charco lá em baixo, juntamente com a água das lavagens!...
A Etar que construíram, até me dá vontade de rir!...E o pior é que fazem o mesmo aos rios e ao mar!...
Para purificar a água? Qual purificar? A água tem um cheiro nauseabundo e se estivesse purificada, não tinham morrido todas as rãs e os sapos que lá viviam. Pobrezinhos, ficaram lá todos a boiar de barriga para cima!...Estes humanos, com a mania das grandezas perderam o juízo!...
E foi assim que rã Berta e lagarto Piteiras ficaram a saber a causa da mortandade e do seu charco seco.
O lagarto Piteiras carregou-a às costas e levou-a para um poço do lado de cima das eiras onde ela possa encontrar amigos que decerto a tratarão como família, para que todos juntos possam alegrar as noites de Verão, com o seu cantar.
Ele mudou para um silvado próximo, condição da rã Berta. Sem que ele fosse, não iria para lugar nenhum.
O rato Pinxas passa lá várias vezes para lhes fazer uma visita de cortesia.
São solidários, felizes e pedem aos humanos que não destruam o planeta Terra…

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Quisera eu ser poeta
Quisera eu ser pintor
Escrever telas e pintar poemas
Escrever, pintar, pintar,escrever
A humanidade com muita cor

 
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adelaidemonteiro
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Enviado por Tópico
Renata
Publicado: 17/02/2009 15:42  Atualizado: 17/02/2009 15:42
Super Participativo
Usuário desde: 14/02/2009
Localidade:
Mensagens: 138
 Re: Conto Infantil- A rã Berta, o lagarto Piteiras e o ra...
Achei o seu conto interessante, pedagógico.
Na narrativa clara, são transmidos valores essenciais, que devíamos incutir primeiramente às crianças e logo depois de os termos como normas.
Na minha opinião ganharia um pouco se tivesse sido encurtada a história.




Enviado por Tópico
TRIGO
Publicado: 17/02/2009 15:45  Atualizado: 17/02/2009 15:45
Colaborador
Usuário desde: 26/01/2009
Localidade: Cabeça-Boa - Torre de Moncorvo
Mensagens: 2325
 Re: Conto Infantil- A rã Berta, o lagarto Piteiras e o ra...
Adelaide

O lagarto malandro...

Beijinhos

Trigo


Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 17/02/2009 16:48  Atualizado: 17/02/2009 16:50
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: Conto Infantil- A rã Berta, o lagarto Piteiras e o ra...
Gostei muito do teu conto, Adelaide.
Eu própria tenho aqui postados alguns contos infantis e... talvez a Renata tenha razão.
Se conseguirmos abreviar um pouco as histórias, elas poderão ganhar uma amplitude (em termos figurados) maior.
Por mim falo, já que tenho (igualmente) alguma dificuldade em escrever histórias curtas.
Curto ou não o teu conto está belíssimo.
Bjs
VónyFerreira



Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 18/02/2009 00:04  Atualizado: 18/02/2009 00:04
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11175
 Re: Conto Infantil- A rã Berta, o lagarto Piteiras e o ra...
Adelaide,
Uma ternura este conto fantástico, que nos faz refectir sobre os valores, a amizade e a importância da preservação da natureza e do planeta.
Beijinhos na alma
Nanda
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