Sei que não nasci com dom para a política, nem tão pouco para poeta mas gosto de escrever umas coisas e como se escreve tanto por aí, de tudo e em todo o lado, também me sinto no direito de escrever sobre a estratégia político – poética.
A sabedoria é algo que não chega a toda a gente, até porque é muito mais fácil e barato ser-se esperto que inteligente, mas embora a inteligência seja escassa existem coisas que saltam à vista até dos mais burros. Somos um país de poetas (disso ninguém tem dúvida) e somos também um país de políticos (também já não é novidade), o pior é quando existem políticos que se fazem de poetas e poetas que acham que devem ser políticos. Querer ser alguém e querer vingar na vida é uma virtude a que nem alguns inteligentes chegam, mas querer tudo isso à conta dos mais fracos, é uma virtude só de quem é esperto. Voltando à poesia, a poesia é a arma mais poderosa para se entrar no peito das pessoas. Só um verdadeiro político sabe disso, só ele é capaz de estoirar poemas nas faces de sorrisos sinceros enquanto lhes arranca o coração do peito. Tudo começa com o encantamento, tipo cobras, lançando palavras cuidadas como flechas que acertam no alvo já destinado, depois existem as frases bonitas que servem de arrastão para o peixe que morde. E morde muito, nada como uma boa política descrita em poema para que a pesca valha realmente a pena. A ideia aqui funciona, captar o maior público possível para que seja eleito e reconhecido pelos seguidores. Este é o verdadeiro político poeta. Depois, existe o poeta que gostava de ser político, que se encanta a ele próprio e que sonha um dia ter o mesmo reconhecimento que um político. Escreve qualquer coisa para que seja lido e ouvido, o que interessa é escrever muito e de coisas que vêm nos livros para que todos pensem ser um intelectual que até podia ser político (homem de boas falas e conhecimento). Mas poeta que é poeta só pode ser político se se juntar a eles e é aí que entra a estratégia político – poética. O político faz o delineamento da estratégia casual dos espaços que querem trabalhar e o poeta dá a cara e as palavras e o povo gosta, e o povo vibra, tudo corre na maior das harmonias. O poeta é conhecido, o político enriquece e o povo paga, paga mas fica feliz pela poesia que encanta. Música penetrante e ruidosa aos ouvidos dos outros. Os outros são os que incomodam e devem ser eliminados tanto na vida da poesia como na política da vida.