Ter nos olhos lumes poéticos
É ter o amor dentro das retinas
E acordar com nuvens guiando as sinas
Vida de poeta é ver estrelas noutro plano!
E ver no carmim da rosa um sopro do oceano...
Vida de poeta é extensão dos maremotos
No peito, ele traz a madrugada
O orvalho frio e a quente chaga
Que cicatriza as dores dos desenganos!
Ter à voz um timbre poeta é cantarolar
Os dias, os meses e a eternidade
É frutificar a página branca da estante
E rabiscar o livro da vida e da idade!
Ter o corpo poeta é ter a vibração da lua
A mágica do cristal e a bola que advinha
O que precisa ser escrito nas entrelinhas!
E quando o poeta desvirgina a alegria
E seu sangue jorra na nua folha branca
É porque jamais morrerá a sua vida
Porque a semente de Deus se tornou a mais bela planta!
(Ledalge, VIDA DE POETA)
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)