Nessa escola fiz o 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos. Entre professores veterinários com as botas cheias de bosta de vaca a entrar pela sala ou outros que se divertiam a atirar paus de giz aos alunos que não sabiam responder às perguntas dos professores. Outros de quem guardo gratas recordações, mas só isso. Aprendi muito é verdade. Entre a escola e a minha casa eram uns 50 metros. Casa pré-fabricada de madeira com um carocha cinzento á porta. Refazer a vida depois de Angola estava a ser difícil mas a pouco e pouco tudo se compunha. Televisão a cores, aparelhagem de som, mobília de quarto, … Deixei alguns amigos em Benavila mas eram só 8 Km e voltava lá todos os fins-de-semana. Era bom voltar. O meu avô ainda guardava uns borregos no terreno da barragem e muitas vezes ia com ele. No Verão podia procurar apanhar uns grilos. Pô-los em gaiolas de cana e rolha de cortiça e ele me ensinou a fazer. Ou podia fazer umas jogatanas de futebol com a malta no campo da adega. Muitos anos mais tarde este gosto pela bola havia de fazer estragos quando rompi o tendão de Aquiles num jogo de amigos do Hospital. Foi em Évora, faz 9 anos. Mas a carreira de futebol foi engraçada. Uns campeonatos distritais, troféus de melhor marcador, capitão de equipa, até dois dias de estágio no Benfica onde ainda marquei um golo. Era júnior. Foi a glória. Era rápido, avançado. A carreira passou e fiquei onde estava. Pode ter sido melhor assim. A fazer o curso de Enfermagem não dava para fazer tudo e desisti… Era melhor apanhar grilos ou pescar. Depois de romper o tendão só ficou o futebol na TV. Benfica, sempre Benfica. Em 1975, 76 e 77 só deu Benfica. Isso e uma vacina paternal ditaram esta febre. (continua)