Levados pela correnteza passam à frente da oca,
As arvores caídas!...Os ninhos,
Que em todas as estações arrastam a pororoca!
Num casco que sustenta a mais delicada canoa,
Num remo!...Um ribeirinho,
Vai remando velozmente assim como quem voa!
E vai remando, e remando, e remando de temor!
Um ponto tão pequenino,
Vai celeremente passando ao largo desse furor!
A onda é tamanha e vai arrastando embarcações,
Como feitas de papel fino,
São arrancadas com suas franzinas amarrações!
E derrubando por terra a última flor das ribanceiras,
Vai abrindo à força o caminho,
Que muito leva ao chão as destemidas laranjeiras!
Uirapuru que não alcança dormir à luz desse luar!
Sei que cantas triste! Sozinho...
Quando o vento à noite, os galhos vêm vergastar!
E açoita tanto as árvores que te ouvem distantes!
Não tens medo passarinho,
Quando a onda irrompe cortando como alfanjes?
Quando no Amazonas a pororoca avança pelo rio!
Vem como um torvelinho!
Vai tudo levando, e em todos deixando, só o vazio...
(® tanatus - 30/12/08)
*Pororoca – é um fenômeno que ocorre na Amazônia,
principalmente na foz do rio que corta toda sua extensão,
o grandioso rio Amazonas.
No Amapá, ocorre na “Boca” do Araguari,
no canal do inferno da Ilha do Maracá,
na ilha do Bailique. Ocorre no Estado do Pará também,
e em outras partes. Esse fenômeno acontece no
mês de janeiro e vai até o mês de maio.
O vocábulo POROROCA vem de POROROKA,
da língua tupi, que significa ESTRONDAR.