Não sei porque te amo.
Nunca te quis amar
Nunca quis pensar em ti e,
Soluçando,
Sentir o abandono das palavras
Num olhar.
Não sei porque olho para os teus olhos.
Nunca quis perder-me no lago verde
Selva profunda penetrada por dois clarões
De energia cansada.
Não sei porque te quero,
Qual é a razão de te guardar todos os dias debaixo da cama
E à noite, no silêncio escuro,
Dar-te a mão para ver se ainda lá estás?
Não sei porque desisto.
Se habituada estava às lutas diárias
De me esconder do mundo aos teus olhos.
Não conheço o vento.
Não conheço o vento que te levou os cabelos
Onde todos os dias pousava a mão cansada
De virar páginas da nossa história.
Não sei
De ti, de mim e de nós.
E das músicas que cantavas para a cidade
No telhado, debaixo do luar
Fingindo que cantavas para mim.
Não sei dessas músicas, apesar de ecoarem
Todos os dias na sala vazia da minha saudade.
E de andarem...
De correrem...
De se esconderem no outro lado do mundo, onde tu vives feliz.
Feliz com a infelicidade de já não nos termos.
De já não nos pertencermos.
Não sei porque te amo, não sei.
Ignoro a razão de alimentar tal força que
Inocente, me leva o coração
A cada segundo que morre na minha mente.
Não sei porque rasgo as tuas fotografias,
E, vendo a saudade de saber que sorrias
Pensar que são meros papéis velhos espalhados pelo chão.
Não sei.
Não abandono esta raiva de odiar o amor que ainda sinto por ti.
Não sei porque te amo e,
Porque te odeio tanto,
Não sei.