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Olhos de uma geração

 
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Ponho-me a reivindicar
Uma porção maior de vida,
Uma dose extra de existência,
Para transpor a fadiga
Que os seus olhos me impõem.

O vazio dos teus olhos
Não cansa a volúpia aristocrática,
Pois seus olhos sem destino
Iluminam a estrada
Calçada do sangue
De assassinatos pela soberania
E da fome
Dos que alimentam os saciados.

Teus olhos turvos
Imploraram pelo afago de casa
Mas seu lar...,
Nefasto ninho de cobras,
Oferece-te o veneno
Como leite.

Estes olhos frescos,
Regados pelo orvalho matutino,
Não pululam de regozijo
Ao nascer da estrela D’Alva.
Triste inicio de horizonte
Apenas o candelabro
Do precipício.

Terríveis olhos negros
Trocaste o meigo
Ao assassínio.
Vendeste por um denário
Teu amor e teu fascínio.

Estes olhos
Que presenciaram
E sucumbiram ao sacrifício
De todas as crianças
Não terão dó
De multiplicar
e potencializar a herança.

Estes olhos que não sei
Se são da vítima
Ou do vilão...
Porque todo escravo
Carrega a culpa
De enxergar-se como tal.



"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros

 
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Cleber
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Enviado por Tópico
adelaidemonteiro
Publicado: 15/02/2009 11:59  Atualizado: 15/02/2009 11:59
Colaborador
Usuário desde: 01/01/2009
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Mensagens: 733
 Re: Olhos de uma geração
Um poema extrordinário.
Parabéns
Adelaide