Aconteceu...
E por me teres feito cego,
Recordo o sabor da tua pele
E a calor de uma tela
Que pintámos sem pensar.
Ninguém perdeu,
Enquanto o ar foi cego,
Despidos de passados
Talvez de lados errados
Conseguiste me encontrar.
Foi dança,
Foram corpos de aço
Entre trastes de guitarras
Que esqueceram amarras
E se amaram sem mostrar.
Foi fogo,
Que nos encontrou sozinhos.
Queimou a noite em volta
Presos entre chama à solta
Presos feitos para soltar...
Estava escrito
E o mundo só quis virar
A página que um dia se fez pesada.
E o suor,
Que escorria no ar,
E o calor dos teus lábios
Inocentes mas sábios...
No segredo do luar.
Não vai acabar
Vamos ser sempre paixão
Vamos ter sempre o olhar
Onde não há ninguém
Dei-te mais...! Valeu a pena voar...
Estava escrito...
E a noite veio acordar
A guerra dos sentidos travada no céu.
Nem por um segundo largo a mão
Da perfeição do teu desenho
E do teu gesto no meu...
Foi como um sopro estranho...
...Aconteceu...
Eras noite em mim,
És fogo em mim.
Eras noite em mim.
A Poesia nao é de quem a escreve, mas sim de quem a usa" - Pablo Neruda