As vezes quando um amigo ou familiar perde uma pessoa íntima, muitos de nós procuramos fazer o nosso papal consolando com frases, -é da vida, que ela vai perto de nós estar. Ate aqui é certo, mas tentar comparar os sentimentos das perdas, só porque um dia vivemos a mesma situação, não acho correto, mesmo que se tiver a comparar distante de quem padece a perda. Uma coisa é certa, a forma como sentimos a dor de quem nos deixa para ate um dia nos ventos celestes, não deixa de ser diferente. Não é porque uns são menos importantes que os outros, ate porque quando se trata de vida, somos todos iguais diante do criador, porém pela tamanha afinidade que temos por quem nos deixa a dor. E tudo isso podemos ver na face de quem herda o sofrimento (embora haver em certos casos, disfarce, por razões não conhecidas), mas quando é de verdade o amor que sentimos por quem nos abandona, mesmo no abafo podemos perceber que a ausência de quem não mas nos pode acompanhar em vida, torna-se numa dor inconsolável.
Eu vi e como também senti, a tristeza na face duma mãe. As lágrimas faziam lago de amargura no chão que lhe suportava o peso, com o rosto derramado na direçao das pernas da filha ali, imóvel coberta de branco. Era que nem um anjo, eu vi, na sua inocência, presa numa caixa com alças douradas a cumprir um destino mal começado, sem poder brincar nem sorrir, para apaziguar a tristeza da mãe, que implorava seu sorriso de volta. Depois de um estante, ouvi a jovem mãe disser – filha acorda, esta na hora de mamar, a mamá já fez a papinha, acorda filha, acorda. Chorando seu novo amor. E o pai da menina naquele mesmo fim de emoções fortes, não se continha com as palavras da mulher, muito menos fortalecer seu lado homem. Em volta os amigos e parentes arriscavam dizer coisas do tipo: - tu eis homem tens que ser forte, e, que a vida não para por aqui. E ele olhava as pessoas como se tivesse a dizer nas palavras de William Shakespeare “todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”. No momento de tanta dor, foi quando vimos a jovem desfalecer, tiraram-na dai e puseram-na na cama ate lhe reanimarem. E as pessoas ao lado lacrimejavam, e eu, entravava meus pingos de lágrimas apertando os tentes, porém, a chorar por dentro. Dai, ao ver a angústia da mãe, um dos tios disse: - Não podemos mas deixar ela sofrer, acho que podemos fazer o funeral. E fecharam a caixa, e partimos.
Durante o cortejo fúnebre, eu estava no caro em que seguia o pai da pequena, e o que mais me emocionou foi quando o pai disse apontando o carro em que ia a caixa: - olhem para minha filha, estamos a ir deitar ela. Tudo que pode lhe dizer foi para parar de falar aquelas coisas. Já no cemitério depois da oração alguém tentou fechar a caixa, e o pai da menina pediu para dar o ultimo beijo na filha. E foi um beijo cheio de lágrimas, ali onde desceu seu corpo. E dentro de mim pensei na dor que demora, quando quem amamos vai num lugar que não sabemos como vai ser a vida ali.