MEDO
Já é como está vendo. Esta chuva que se promete,
Anunciada por nuvens espessas, me arremete,
A outras chuvas, por outros umbrais, e me mete
O mesmo medo de trovões, de fogo e perigo perto.
As chuvas e os meus medos, entrelaçados, lavoura,
Covas rasas, covas funda, plantando esperança de novo,
Esquivo de muito barulho, que quanto mais, menos ouço,
E meu coração se confunde com jatos de água em meu dorso.
É como que está sentindo, a chuva que vai caindo,
Me levará brutalmente, aos perdidos estreitos caminhos,
Do tempo que um operário fazia de tudo, menino,
E caçava o tempo com pedras pisoteando caninhos.
As trovoadas, as pancadas dos pingos pela calçada,
Que batiam e voltavam de novo, a casa ameaçada,
O tempo dessas invernadas, a morte já anunciada,
De qualquer coisa, qualquer gente, eu acorria abraçado.