Quando me lembro
da tua voz rumorejada ao meu ouvido,
do teu beijo desenhado a traço fino,
no vácuo espaço indesejado
do teu abraço de pássaro encantado
pousado nos meus ombros…
Do teu abraço de proa debruçado
sobre as ondas revoltas do meu corpo.
Do teu braço saído do peito encapelado
num anseio longo e vasto,
de se fundir no verde dos meus seios
de ninfa confessa neste comum desejo
E deste lenço branco
içado permanentemente ao vento
no mastro erguido da saudade…
Quando me lembro do teu olhar
sempre menino, do teu olhar traquino
desse olhar dulcíssimo de criança…
Solta-se amarras, faz-se bolina esperança,
permanece a amplitude de um luar
a pratear a vastidão rasa da planície.
Permanece no mais alto do meu ser
um querer ousar, acontecer, ser!
Um querer imperativo, decisivo, crucial,
que prevalece instintivo, quase fera, quase animal,
sobre a esterilidade do traçado dum destino.
Quando me lembro, despedaço à tesourada
raivosas pálpebras coladas pelo sal das lágrimas
e avanço, determinada, sem medo, a passos largos,
no trilho quente das palavras que escrevo,
no farol do teu olhar de gente!
Que meu amado, não existe
nem cedo, nem tarde, não existe espaço,
tempo, ou idade, para este conjugar permanente.
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