TÁXI PATRÍCIA
Tarde típica de inverno, a noite seguia com chuva fina e constante quando Patrícia, enfermeira do Centro de Traumatologia de um grande Hospital, deixa seu plantão. No Hospital, Patrícia era considerada uma profissional muito eficiente, daquelas que não media esforços para dar conforto aos seus pacientes.
Por lá, existia um rapaz que havia se acidentado há dois dias atrás. Sua moto colidiu com a traseira de um carro que freou bruscamente, jogando-o por mais de quinze metros de distância. O choque produziu vários traumas por todo seu corpo, inclusive em seu cérebro, por isso, dera entrada naquele Hospital com traumatismo craniano e coma profundo.
O rapaz não carregava consigo qualquer tipo de documento que pudesse identificá-lo, assim, o tratamento era ministrado visando retira-lo o mais breve possível do coma, na esperança de que ele pudesse informar aos médicos, sua identidade ou telefone de algum parente mais próximo, já que a vítima corria risco de vida.
Patrícia sempre que podia tentava estimular o rapaz com algumas conversas, até uma e outra piada contava imaginando obter alguma reação pequena que fosse, no semblante do rapaz, ao mesmo tempo em que falava também um pouco de si. Contava das suas dificuldades em chegar em casa, pois, morava muito longe do Hospital e ainda não ganhava o suficiente para alugar um apartamento mais próximo para ela e sua mãe e sendo assim, tinha sempre de pegar três ônibus quando saia do trabalho.
Já havia se passado vinte minutos e a enfermeira ainda se encontrava na parada do ônibus, quando um táxi estaciona bem em frente à moça, o motorista abre a porta de trás e diz: Entra moça, seu táxi chegou.
Patrícia assustada, diz para o motorista que não havia chamado nenhum táxi, o condutor do veículo complementa, a senhora não, mas, meu sobrinho Sidnei me telefonou e pediu que eu viesse até esta parada de ônibus em frente a este Hospital e levasse uma moça com a descrição da senhora de nome Patrícia para casa. A senhora é a dona Patrícia, não é?
A moça apavorada, pensando ser algum tipo de assalto, volta correndo ao Hospital, chorando e muito nervosa, relata para uma colega o acontecido. No meio da conversa as duas notam alguma correria para o lado do C.T.I. Patrícia pede a colega pra ir ver o que acontecia. O rapaz acidentado havia falecido, com os olhos arregalados, diz a amiga, falaram lá no C.T.I. que minutos antes, o rapaz do acidente da moto, parecia ter até melhorado, falando algo sem nexo como: (Táxi Patrícia).