MENSAGEM DO ALÉM
Dona Guiomar era uma senhora muito querida pela família, doceira por vocação, sempre tinha em sua cristaleira alguns tipos de doces em compotas. Dona Guiomar ficara viúva há quatro anos e por conta disto, se sentia muito sozinha, entrou em depressão. Sua sobrinha sempre que podia ia até a sua casa para uma visita, levava consigo seus filhos de modo a saborearem os doces da tia-avó.
Eram tardes maravilhosas, com mesa farta e todos felizes, mas, logo que a visita ia embora dona Guiomar, debruçava-se nas tristezas, saudades, melancolias, aquilo lhe fazia tanto mal que, logo ficou doente, sem forças para andar.
Passava maior parte do tempo em cima da cama, sua vizinha, uma moça chamada Graça que acompanhava de perto o dilema daquela senhora, aparecia por lá, várias vezes no dia para certificar-se que tudo estava bem.
Olha Graça, não precisa se incomodar vindo várias vezes no mesmo dia para me ver, agradeço seu interesse, mas, vamos combinar assim, todas as vezes que eu necessitar realmente de você, darei três pancadinhas na parede perto da minha cama, como nossas casas são geminadas, você poderá ouvir do outro lado e aí se puder, venha ver do que necessito.
A moça vendo a preocupação de dona Guiomar achando que estava a incomodando, concordou e passou a visitá-la somente quando ouvia as tais batidas na parede. Nos domingos, sua sobrinha e filhos iam sempre visitá-la, por algumas vezes, a sobrinha presenciou sua tia batendo nas paredes para chamar a atenção de sua vizinha.
Dona Guiomar, reclamava sempre da falta do marido, da saudade e numa dessas conversas, fez sua sobrinha prometer que, após três anos de sua morte, ela fosse ao cemitério retirasse seus ossos e os colocassem numa urna junto aos dos seu marido. A sobrinha ainda brincou que isso tia, a senhora vai viver ainda muito tempo, mas, acabou concordando em fazer o que a tia havia pedido.
Oito anos depois falece dona Guiomar, no seu enterro havia muitos parentes, além de muito querida ela era também a mais idosa da família. Lá compareceram amigos e lógico sua sobrinha-amiga.
A vida seguiu seu rumo, mas, dona Guiomar sempre era lembrada em reuniões de família. Lembravam-se de como ela gostava de conversar e de como eram gostosos seus doces. Certa noite, todos estavam dormindo na casa da Irene (sobrinha de dona Guiomar), quando um barulho forte fora ouvido acordando a todos, andaram por toda a casa a procura de algo caído, ficaram em silêncio para observar se algo estivesse acontecendo no quintal, quando um novo e forte barulho vindo da parte superior da casa fora ouvido, todos correram pensando que o único que não havia acordado (o seu marido), tivesse caído da cama, chegando ao quarto do casal, o pai dos meninos dormia um sono profundo, puderam então sentir a vibração da parede do quarto com mais um barulho intenso.
Naquela noite, ninguém conseguiu mais dormir, ficaram a comentar o que teria acontecido. O dia amanhece e logo pela manha uma visita inesperada bate na porta de dona Irene, era a Graça, entrou se cumprimentaram e foi logo dizendo: Dona Irene estou apavorada, esta noite ouvi na parede do meu quarto as mesmas batidas que ouvia quando dona Guiomar estava viva. Irene ficou então estatelada, sentaram para conversar sobre o assunto, quando então Irene lembra do pedido de sua tia, vai ao calendário e verifica que naquele dia (23 de abril), fazia exatos três anos que sua tia havia falecido.