paulo monteiro
ficou o teu retrato na parede
rindo do meu amor ruidosamente
os cabelos os mesmos e com sede
os mesmos lábios e teu rosto ardente
o mesmo também rosto que mede
tudo aquilo que tenho em mim latente
e teus seios arfantes da parede
chamando-me com voz que ninguém sente
entre as arcadas de um hospício mora
teu corpo com calor de chama ardente
em quanto de meu quarto se assenhora
esse retrato inerte e semovente
fica e deixa a parede ri e chora
gargalhando e se rindo doidamente
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos