Dizem que há um azul no céu que se reflete nas aguas calmas, hora agitadas da grandeza, porém o que vejo, são nuvens como velas do céu passeando o universo, e o anil que doura o mar é o silencio na casa dos outros habitantes. O silêncio é assim, se espelha nos líquidos cristalinos e expressa todos os sentir com verdade e vai ate ao infinito das palavras. Já na nossa casa, a vida de cada ser é diferente, nossos retratos são semitransparentes, falamos a verdade, mostramos a verdade e nunca o âmago da verdade, somos observados e nunca como totalmente somos. E assim é a nossa vida na terra, a viver sem verdade, sem amor, sem paz, mas com a ânsia de encontrar todos estes agasalhos, como amar e ser amado, sonhar e viver o sonho.
O mundo chora em algures, há vidas que se perdem nestes lugares, os culpados vivem e os inofensivos sobrevivem entre a esperança dum amanha e o final dum existir. Todos mistos num universo de seres, seres humano. Não acho que seja, talvez sim de homens e humanos, porque ser humano é ser de alma e de razão sem nunca se deixar vencer por filosofias de vida que nos usurpam o espírito e o pensamento humanista. Quer sim, quer não, a autonomia de viver em meio ao mar, no limite das montanhas, correr nas florestas abertas e ver o branco do gelo, sem ter que se amedrontar com quem vem dali, alimenta o agrado de permanecer no tempo mesmo sem ser um rei.