Num clima, estritamente caseiro,
onde abundam as cores, em harmonia,
e os cheiros da madeira, que são
todos estes singulares móveis, de uma
cozinha, um tanto arcaica,
repousam, de par em par, no cimo de uma
velha mesa, duas chávenas, fumegando
belos aromas, entre o café e o leite,
acabado de fazer, espalhando-se, aos
poucos pela casa, ainda meio adormecida.
Perfeitamente dispostas, chávenas, pratos
e pequenas colheres, deixam um tom
bastante agradável e apetecível,
no meio da cozinha, que alguém deixou,
com afinco, tentando agradar,
quem, por sua vez, à mesa, se venha a sentar,
para tomar o pequeno almoço.
Do escuro, do corredor, vindas directamente
do quarto, ali perto, duas figuras, ainda
meio ensonadas, não resistindo mais, ao
cheiro, de uma boa chávena, de café com leite,
olhos meio fechados, pelo sono, que teima
em persegui-las, chegam por fim, à sala da
velha cozinha, onde se encontra o motivo,
de perfume tão irresistível.
E já sentadas, entre cadeiras de madeira,
debruçando-se, cuidadosamente, pegam
ambas, em suas respectivas canecas, e,
saboreando, com um gosto, bem visível,
tomam seu café com leite, deliciadas.
Tudo isto feito em silêncio, como manda
o ritual, e, sem que se apercebam disso,
já o sol invadiu o espaço sagrado.
Lá fora cantam os pássaros, chamando
para um novo dia, de trabalho, e, dentro
da velha casa de madeira, saboreado o
café com o leite, todos se apressam,
para mais um dia, de intensa labuta.
Jorge Humberto
01/02/09