Poemas : 

19.º de um ciclo ainda sem título

 
Podem não querer ler, mas ler de facto,
e por entre as palavras decifrarem
este filho de Dédalo caído,
porque esse era seu único desígnio,

cair, sentindo o sol preso ao seu hálito,
e abraçar os caminhos que há no mar
de um só golpe, chegar não pode haver
sem que se parta, podem não querer,

mas queiram porque a cifra não está fora
do que as nossas ocultas mãos alcançam,
a cifra dorme, dorme nos seus côncavos,

e dorme porque o tédio embala o
berço esquecido que há em cada casa,
corpo de quem só passa por passar.



Xavier Zarco
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Xavier_Zarco
 
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