A
Durante a odisseia gradativa do fluxo citadino da plácida antemanhã,
Floresce despótico, resplandecente e altaneiro
O sol do calvário dos tenazes garimpeiros
Que procuram debaldemente
Jazidas e mais jazidas do ouropel do áureo diadema da decência:
Que estão aprisionadas nas intangíveis minas velhaco-abstratas
E hermeticamente lacradas da nepótica sina ou dos anseios caídos em desgraça.
B
Mas afinal quando estas fantasmagóricas humanas formas acordam e levantam,
Levanta e acorda também
A flama da primavera humana:
Então, como se colmeados
Pelo manto inconsútil, harto e inebriante do entusiasmo,
Subjuga as suas pálidas frontes
O semblante luminoso dos seguidores do onírico horizonte libertário...
Dos seguidores dos cativos da sonambulante iconografia do augusto oceano...
Dos amantes das abelhas que fabricam o mel da etérea e singela alacridade...
Da fonte que rejuvenesce o altivo sol da dignidade...
Do magnânimo mar indômito da calejada filantropia:
Pois esta, ao contrário de suas irmãs vaidosas,
Que tecem loas a alter egos da glória;
Contempla e deifica os vários arquétipos de corpos
Que são iluminados pela radiação fervente qual emana da atroz luz dolosa, liricida!
C
Todavia, como se estivesse possuído pela aura de um trem supersônico,
Incomensuravelmente célere o dia passa;
E consigo, em largas passadas,
As flores radiosas do malogro,
Exalando a alfazema do ocaso,
Também passam.
D
Portanto, infelizmente,
A flama da antrópica primavera
Desvanece e novamente se transforma:
Na verdade, retorna á sua antiga fantasmagórica plataforma:
Que é a soturna e entorpecedora amargura amorfa!
JESSE BARBOSA DE OLIVEIRA