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desmancha gráfica

 
Esvaídos,
como peças de carne prontas para o cutelo,
desatam aos gritos,
aflitos,
os atacadores
do que calçam, no movimento oscilante da marcha.

Feridos,
como infantes em batalha medieval, cheios de dores
de espada em riste
e triste,
chorosa e soluçante.
Não ganharam para o susto que de remédio servisse.

Iludidos,
na alucinação visual do oásis mais verdejante
olhado perto demais,
jornais
e se perdem na lonjura:
culpam a luneta, periscópio de um submarino.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 30/01/2009 21:55  Atualizado: 30/01/2009 21:55
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11099
 Re: desmancha gráfica
Rogério,
Creio que andamos mais esvaídos do que propriamente iludidos.
A tua poesia permite livre interpretação.
Nesta conjuntura, a minha foi política.
Apreço
Nanda

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/01/2009 09:50  Atualizado: 31/01/2009 09:50
 Re: desmancha gráfica
Gostei deste poema e da leitura solta que permite, afinal cada um de nós faz manchete neste jornal.