O mundo é uma grande vulva
Que trepa, goza e se emprenha
É uma formidável grelha
Que assa a carne humana
Com mísseis, fome e lenha
De tapuias, cariris
O formigueiro se assanha.
Dentro da grande vulva
O falo não ejacula
No útero
Nessa fornalha
Fujo da enorme vagina
Pra me envenenar num mundo
Os olhos não vêem a linha
Que o menino faz voar
Com a pipa em nuvens esparsas
Tenta ele alcançar
A grande vulva se fecha
Ninguém mais pode entrar.
O cariri se acoita
Naquela vulva sombria
Fugindo dos arcabuzes
Da cobiça e da covardia
Barbudos
Vestidos de couro
Tangendo bois, colhendo ouro
Massacram a gente nativa
Decretam a escravaria.
JOEL DE SÁ
29/01/2008.