Estava concentrada no meu trabalho diário, quando entrou, na Biblioteca, um passarinho. Saiu e entrou, de novo,e, quando veio pela segunda vez, entoou um canto maravilhoso, que jamais esquecerei.
Lembro que meus pais – um falecido,e a mãe com idade avançada – sempre nos diziam, desde crianças, que quando um passarinho entra em nossas casas, é como se fosse um Mensageiro de Deus.
Nunca nos obrigaram a acreditar nisso...mas, quando compreendi o alcance deste ensinamento, passei a ver uma mensagem divina em toda a avezinha que, por uns segundos, entra em nossas casas ou locais de trabalho.
Alguém poderá considerar isto ingênuo demais, pois, afinal, vivemos em plena Era Atômica, onde o Mundo pode ser pulverizado de um segundo para outro, se assim quiserem os loucos.
Para minha vida, tornou-se sagrado o momento de apreciar o vôo de uma avezinha e o seu canto de ternura.
Porque na minha memória ficou gravada – eternamente – a guerra que meu pai viveu e que nos contou em detalhes, enquanto esteve entre nós.
Para mim, a visão de uma animalzinho de Deus, é como uma âncora que segura a fé, a esperança e a coragem de seguir adiante, mesmo sabendo das atrocidades que o Ser “humano” é capaz de cometer contra seus “iguais”.
Aquele passarinho que entrou no meu local de trabalho, e cantou num trinado tão lindo, é como se fosse a voz de Deus, pedindo para que tenhamos alegria, e, porque não – inocência perante a vida que se apresenta diante de nós.
O segredo desta “ingenuidade”, é conseguir ter paz de espírito, mesmo quando lemos nos jornais que grupos organizados continuam prometendo ações de violência tanto na zona rural quanto na zona urbana. Ora, na zona rural e na zona urbana, está vivendo um POVO pacífico, manso e que está cuidando do seu trabalho, para não perecer sem dinheiro e sem comida. Então, a quem estes grupos realmente estão ameaçando? Às pessoas que trabalham para sustentar a própria ação de violência que eles promovem diariamente, e que não sabemos quem está patrocinando.
Enquanto os jornais nos agridem com ameaças deste tipo, fico pensando numa maneira de não morrer de dor antes da hora, pela violência que está sendo anunciada tão claramente.
Por isso, apelo para a ingenuidade de um Deus que, em plena Era Atômica, ainda manda seus mensageiros lembrar-nos da ternura que não carrega armas e nem pensamentos que possam violar a própria MEMÓRIA deste mesmo Deus em cada um de nós – SERES HUMANOS!!!
Saleti Hartmann
Professora e Poetisa
Cândido Godói-RS