Passei a semana seguinte chorando a tua morte, era de esperar que um final tão trágico caísse sobre mim em forma de sofrimento amargo, doeu-me muito olhar para tudo e ver-te sem no entanto estares lá, doeu-me tanto a tua morte amor, dói-me saber que a verdade tem de ser como a vida quer e não como nós queremos.
Entre sonhos contigo e pensamentos em ti a minha vida desmoronou-se, suei a felicidade que não tinha, chorei a morte de alguém que me sabia, que me era… sangrento destino. Quis ter-te para mim, só para mim uma única vez que fosse para me ser permitido dizer-te ao ouvido essa palavra tão nossa, a marca mais fiel de todo o nosso sentimento, quis ver-te vir sobre mim como um anjo, beijar-me a face, abraçar-me a alma, adocicar esta bebida amarga, quis saber-te ser em mim sem esta dor da perda a corroer-me por dentro.
Fui ao teu funeral, vi entrar no cemitério o caixão que carregava o teu corpo, assisti a tudo sem deixar escorrer uma única lágrima do meu rosto, distante de todos sofri calado e sozinho, o rosto encostado ao carvalho velho, despido, despido eu também de tudo o que tinha, despido da vida. Vi a tua mãe chorar encostada ao teu marido, vi no rosto dele a despedida, o adeus primeiro e único, vi como todos se afastaram depois de te terem enterrado e vi como eu me tornei frágil quando me deixei cair sobre a tua campa, abraçando a tua fotografia, tremendo, soluçando, gritando aos céus o amor que prendo dentro de mim para te ser entregue porque a ti é destinado.
Não larguei a tua campa durante essa semana, não arredei pé dali, gastei as palavras que não disse, chorei, confortei-me abraçado às rosas brancas que te vestiam a campa, adormeci enroscado aos pés da tua campa, acordei duro como a mármore que a compunha…
Às vezes apetecia-me desenterrar o caixão e ver abri-lo para estar certo que serias tu, nunca acreditei que fosse possível a tua morte, apetecia-me levar o teu corpo para longe dali, venerá-lo o resto dos meus dias. Não sabia porque morreras mas sabia que contigo me tinhas levado.
. façam de conta que eu não estive cá .