enquanto o bacalhau assa na braseira
o tinto jorra para o copo
as gargantas cacarejam
falam da terra e do mar revolto
"vá lá mais um copito
porque o bacalhau demora"
diz o compadre à comadre
"senão vamos embora"
ele chegou acompanhado
da batata esmurrada
regadinho com azeite
(e o vinho?) aí que pançada
depois de tanto comer
deu-lhe para a brincadeira
caíram de tanto beber
mas que grande borracheira
e diziam
"mas que grande ventania"
e lá foram a cantarolar
porque o vinho é alegria
Cada vez que a torneira se abre, saem rios de palavras que tento juntar com um lápis, para matar a minha sede, é assim que nasce a minha poesia