Poemas : 

Alento

 
Conheço-te de algures.
Quando na soleira da minha porta,
o vento varria a poeira que havia.
Era como um chamado mudo.
Que me fazia sair pela porta
e deslizar o meu pé na superfície lisa do batente,
procurando algo que a chuva e o vento
não deixavam ficar por muito tempo...

Eu então seguia,
Observando os redemoinhos de vento
que se formavam em todo lugar descampado,
no caminho de todos os dias.
Muitas vezes quis saber o que havia no centro...
ou o que o movia. Ainda não sei...
As coisas não têm que ser compreendidas, mas sentidas.
E assim senti. No meu eu que não ouso sondar,
te reconheci como um complemento de minhas vontades,
que são tantas, que são vagas e anônimas.
Sem definição e sem nomes.
Assim te conheci e reconheci.
És minha linguagem mais abstrata
Força movente do moinho aqui dentro.
Me contento que sejas meu alento.


o mais importante não se conta, se constrói com o não dito, com o subentendido, a alusão”. (Piglia)[/color][/color]

 
Autor
Maria Verde
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/01/2009 18:45  Atualizado: 27/01/2009 18:45
 Re: Alento/Maria
Oi Maria Maria...
Para além da compreensão, o sentimento!
Gostei tantão...
Um beijo querida!
Dill


Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 27/01/2009 20:26  Atualizado: 27/01/2009 20:26
Membro de honra
Usuário desde: 08/12/2008
Localidade: Vila Viçosa
Mensagens: 3855
 Re: Alento
Será que alguma vez saberemos ao certo, será que deixaremos de procurar, penso que não,muito bonito o seu poema, beijinhos


Enviado por Tópico
GlóriaSalles
Publicado: 28/01/2009 00:14  Atualizado: 28/01/2009 00:14
Colaborador
Usuário desde: 28/07/2008
Localidade: Flórida Pta-SP
Mensagens: 2514
 Re: Alento
O que escreve Maria, vem tão de sua alma,
Palavras que transbordam sentimento...
Bjs.
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