A bailarina cigana, girando roda o corpo
Gerando vento pra tocar o tempo e o amor
Gerando um novo cigano pra tocar a vida
Que vai girar pelo mundo pra manter a luta
Cigana, se você me deixar desse jeito abandonado
Vou cavar o céu prá lhe encontrar
Vou usar a força do vento pra voar
E o tempo terá que me empregar
Mas sem você não posso ficar
Cigana, se você me deixar no frio, abandonado
Vou buscar no fogo o calor que preciso
Vou me cultivar na terra, vou ter cio
Nem vou pedir a Deus, nem a Maria
Sentimentos sãos coisas dos homens
Cigana, se você me deixar sem paz, abandonado
Vou me fazer poeta, aprendiz
Vou afiar as palavras e cegar o ódio
E a bailariana mestre vai me ensinar
O céu não acaba e a estrela vai sempre brilhar
Cigana, se você me deixar sem liberdade, abandonado
Vou me fazer de paz prá viver tranquilo
Serei amante da liberdade e vou aprender amar
E da palavra vou fazer meu grito de cigano
E desse grito vai nascer meu filho
Cigana, se você me deixar no meio dessa guerra
Não estarei nunca abandonado
Por não ter você do meu lado
Vou abrir espaço prá outra pessoa que vem vindo
Velha bailarina da guerra, poeta dessa estrada
José Veríssimo