Talvez um dia eu me sentisse agradecida por tudo o que ele me deu, bem mais do que eu alguma vez merecia. Por essa altura eu ficaria grata pelo seu olhar sublime, o seu espantoso semblante, a sua postura perfeita, o sorriso inocente e o seu beijo... O único que alguma vez me fez sentir como se perdesse os sentidos. Por enquanto ainda tinha medo da noite, tremia a optar pelo sonho de nada ou de dor. Escolhia teimosamente o 'nada' antes de me deitar, esperando um último sono privado de pesadelos... Tive medo de acordar entre gritos mais esta noite.
Arrepiava-me saber o seu nome, não o conseguia pronunciar sequer... como se o buraco que ele fez do meu peito se abrir-se ainda mais, até que o dano causado fosse completamente irreversível. Seria possível sentir-me ainda mais nula?
Agora vivia como se ele nunca tivesse existido. Não seria melhor, que na partida tudo ficasse intocável e esquecido por detrás das suas costas? Talvez fosse esse o seu pensamento quando em cada passo o sentia carregar consigo todas as minhas lembranças.. excepto a única coisa que não poderia levar de mim... O meu próprio amor.
Enquanto o passado vaza mais um dos meus suspiros, sinto os dias mais longos, sinto falta de te ter por perto. *