Como podem, me abandonarem tão longe
Num sol aberto a correr por mim
A semear gotas vindas de mim
A fitar vossos andares irem longe
Como podem, me abandonarem tão longe
Da ciência que gozam e anelo também
Do pão asseado que a vossa mesa nutrem
E do sono confortante, a virar-me do lado do devaneio
Como podem… como pode…
Meu olhar contemplar somente, sem ser contemplado
Minhas mãos não dar para congratulações
Minhas palavras serem só para orações
Meu perfil ser descortinado perpetuamente como um desvirtuado
Como podem, me abandonarem aqui
Nessa rua que celebra minhas épocas
E nos seus ventos me aparo no olhar das incertezas!