Ainda me lembro muito bem
Daqueles tempos de baile
Das longas noites intermináveis
E das mascaras tão memoráveis
Bons tempos aqueles
Nos quais eu te esperava a cada noite
Sem saber se tu eras ausente
Ou se estavas ali presente.
Em meio a tantas máscaras eu me perdia
E quando no mais puro acaso te encontrava
Tu, sem pena alguma, de mim fugias
E mais uma vez eu ali ficava,
Sozinho, solitário, largado numa noite vazia.
Comigo apenas algumas inquietações:
Quais seriam, de fato, as intenções
Daquela multidão oculta?
O que, enfim, se pretendia esconder?
O belo rosto juvenil e angelical das damas,
Ou o espírito agora suscetível aos prazeres,
À aproximação de quem se ama?
Pois se ainda não sabes
Ou já não te recordas
É com luzes escassas
Que o coração acorda
E se ganha coragem
Para dizer a quem se gosta
Tudo o que se sente,
Com a alma livre, quase selvagem,
Sem medo, sem dor,nem pudor.
Mas onde tu te escondias?
Por onde andavas que meu olhar,
Mesmo querendo, nunca te via?
Não me restava nada mais então
A não ser um copo de cognac na mão
E uma pequenina conversa
Com meus igualmente solitários botões:
-Não compreendo amigos,
Esta minha situação...
-É difícil mesmo de entender,
Concordamos contigo!
Há tantas damas no baile,
Mas apenas uma possui teu coração.
E eu confiava aos meus solitários amigos
Os meus mais sinceros lamentos
E eles me escutavam muito atentos.
Ai,que saudade do teu perfume,
Do teu oculto olhar fitando o meu,
Disfarçado pelo negrume,
Negrume também dos olhos teus,
Visível apenas para aquele
Que os queria seu!
Sim , eu ainda me lembro
Daquelas noites intermináveis,
Dos sorrisos adoráveis,
E,a cima de tudo,
Do teu amor inalcançável.
Doriana Albuquerque
* imagem retirada do Google