Vejo o mundo da minha janela,
Como o melrro na gaiola,
A cantar o seu enfado.
Da minha janela,
Vejo apenas a minha rua,
Ouço passos de gente,
Aqueço-me ao sol e à lua.
À minha janela,
Provo o doce e o amargo,
E meço a bondade pela altura,
Se é franca, e o que dura.
Me parece, da minha janela,
Que minha mão não auxilia,
Suficientemente,
Quem dela precisa um dia.
Que minhas palavras não reforçam,
Sufucientemente,
O juízo que os inocentes clamam.
Entra-me o mundo pela minha janela,
E o cheiro da minha rua: sofrimento e alegria.
E o que mais admiro nela,
É poder fechá-la ao fim do dia,
Quando estou cansado,
Desligar o botão, aliviado,
E ler então,
Ler o mundo devagar.
Boa semana!
Garrido Carvalho
Janeiro '09