1. Os Canalhas
(Este soneto branco foi escrito em fevereiro de 2005, pouco antes do Autor sofrer cinco acidentes vascular-circulatórios, no prazo de seis dias).
Os canalhas estão em toda parte.
Vermes, crescem no lixo e no caviar.
Alguns andam descalços, maltrapilhos;
Outros passam por mim engravatados.
Estes senhores vermes são os piores,
Pois fedem a perfumes parisienses,
Usando o linguajar do overnight. Ah!
Como é gostoso vê-los exibindo
Os seus cornos vistosos de reis nus.
Seus destinos, porém, estão traçados:
Segundo o figurino do Iscariotes,
São sempre pela História retratados,
Exibindo uma língua de três palmos,
Pendurados num galho de figueira.
2. Os Energúmenos
(...) Maldito o homem que confia no homem (...). Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. (Jr 17.5-7).
(...) o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna (...) (Rm 6.23).
– “Acabou o reinado dos canalhas!
Acabou!”– Gritei em plena rua,
Por entre a massa que também vibrava
Festejando a vitória dos que críamos
Pôr termo às injustiças da política
Transformadas em normas de partido.
Meu Deus! Como fui tolo em olvidar
Aquilo que gravaste na Escritura.
Ao crer nos homens eu me fiz maldito,
E minha vida apenas foi poupada
Para testemunhar a imensa graça
Do Teu poder, enquanto se avoluma,
Ao derredor do príncipe votado,
Uma nojenta coorte de energúmenos.
– Março de 2005 –
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos