Da vidraça! Uma tímida gata,
Num melancólico miar, assim, tão desesperado,
Vai lambendo as suas patas,
E me olhando com seu olhar azul-angustiado!
Refletem seus pêlos, de um fulgente azul-angorá,
Os desgostos que não têm mais fim!
E eriçados nas tristezas que os sentem acarinhar,
Vão-se na dor que existe em mim!
Soluça o azul dos olhos, na agonia de um sonho!
E no desgosto que me é a vida,
Vai o olhar da gata que em mim pousa tristonho!
Olha-me a gata com um olhar de plangente dor!
Parece que vai assim, perdida,
No olhar mais sofrido que à minha vida deixou!
(® tanatus – 23/01/09)