Falta pouco mais de uma hora e um segundo para a entrada do novo ano e enquanto os “gato” prosseguem no recordar do 2009 sarcástica e humoristicamente previsto, Picasso fita-a enchendo de verde o seu provir. Dois mil e oito havia sido para si, em contra-ciclo, um ano estupendo, mas acreditava que o desencontro que o havia tornado ano a esquecer seria superado com o encontro consigo própria na estreia do novo, que chegava com todas as páginas brancas. Estava cada vez mais próxima de si, sentia-se e satisfazia-se quase sempre, em quase tudo.
Abriu a caixa e puxou suavemente o plástico que acomodava o manancial de pequenos prazeres agora sobre o seu comando. Subitamente uma nesga de humidade desceu aquecendo a renda negra sob a pele de pêssego. Pequenos e maiores polímeros arredondados, achatados, curvados, afunilados à sua mercê …
- Entrarei triunfante no ano novo! – imaginou.
Realizou.