quando te vejo...
embaciado já
por trás de nada ...
salpicado de vida em gotas de água
salpicos em ti
vivias momentos de salpicos...
embacias...
quando te vejo sem te ver
no fosco que me separa de ti...
quando te vejo assim
embaciado
embaciado pela solidão
em que te confortas sempre
eu...daqui
já não te consigo ver
já não sinto a vida em ti...
por detrás de nada ... e se nada se vê
se tudo se embacia em ti...
escondido
em sombras que fabricas
não te deixas ver
não te queres sentir
nunca
salpicas sempre...
as gotas dizem-me que houve vida aí
que um dia já eram mais que gotas
que as gotas se transformaram em rios que bebias
já não deixas entrar as gotas que te davam de beber
que um dia te fizeram viver
e que a mim... me
davas a provar
um dia o sol desambaciou ...
essa parede
que embacias
constantemete embacias...
com a tua solidão
embaciaste
solidão de ti...
solidão de mim...
já não bebes essa água
não vês através daí
daí dessa fosca solidão
que te prende a ti
que te desprende de mim
te desprende dessas gotas...
que do lado de lá não podes beber
já embaciado te vejo...
por detrás de nada
embaciado nessa louca solidão...
teresa/janeiro 2009