Sazonai o fruto que colho,
Neste meu mundo perpétuo de fome...
E que da mira reticente de meu olho,
Esconda a fútil miséria de meu nome...
Pois plantei as palavras na sorte,
E ali nasceram estes vis impropérios...
Uma missão de amor, eis que meu norte
Brotando sem medidas em meu hemisfério...
Vos lhe trago amor, em uma forma gentil,
E assim, passivamente tento lhe fazer sorrir...
Pois é triste um sentimento vil,
Que nos apedreja na hora de partir...
Amar por necessidade é um sentimento doente,
Ao perceber que o mundo o esbarra...
E estacionado na dor, não vai pra frente,
Pois o amor também da tapa na cara...
O amor escarra, o amor fede também,
E como fruto podre, que amarra a boca...
E a alegoria que o palhaço desdém,
Na tristeza que convém, no colorido de sua poupa...
Sazonai o fruto que hei de colher,
Por estas mãos sofridas e calejadas...
Mas se por ventura, o mesmo apodrecer,
Alimentai-me do vento, alimentai-me do nada...