paulo monteiro
como ave negra que passa
com asas de negra cor
o anu passa pelo ar voando
entre o negro do capão
vem do campo perseguido
pelo piá e persegue a gente
nas negras penas do anu
o urubu esconde sua cor
e vem junto com os pinhés
furar os olhos da rês
furar os olhos da gente
somos vacas somos bois
somos cavalos e burros
nesta grande propriedade
onde fomos confinados
somos bichos simplesmente
enquanto correm o anu
em seu negro terno preto
vem o urubu pelo negro
que forma a sombra do mato
e quando um raio de sol
penetra no escuro espaço
o negro da ave se muda
com brancas penas furtivas
e o negro anu é pinhé
do livro inédito eu resisti também cantando
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos