Sr. Primeiro ministro
Desculpe o incomodo
Sei que é muito atarefado
Mas cá na nossa aldeia
Estamos muito arreliados
Não quer ver vossa excelência
O que vai acontecer
Vai haver o mundial
E a gente onde o vai ver
Nem imagina a confusão
Na tasca do João
Ele quer uma televisão
Mesmo em cima do balcão
Já o Sr. Prior
Está em desacordo
Fala que o melhor é um lençol
Para ver os jogos
Que coisa de doidos
Até o cangalheiro
Homem feio e sisudo meteu o bedelho
Quer ver os jogos no muro do cemitério
Veja vossa excelência o sacrilégio
Só vossa bondade
Para resolver a questão
Tem que haver autoridade
E uma grande organização
Quer a minha opinião
O melhor é na fazenda do compadre Simão
Com os novos subsídios
Matamos dois coelhos numa cajadada
Compramos a televisão
E fazemos uma feijoada
E já agora só mais um pedido
Ponha lá a nossa aldeia no mapa
Por causa dos turistas
Que vem ver as nossas vacas
Com esta me despeço
Muito agradecida por sua atenção
E cá o esperamos para a inauguração
Com a garantia de ter o nosso voto
Na próxima eleição…
P.s
Uma perguntinha do amigo sacristão
Se votarmos em branco
Ganhamos a televisão.
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...
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