Se carrega-se em mim a certeza,
Que o futuro seria algo risonho!
Daria asas ao corpo do sonho,
A vida espelharia faixes de beleza.
Mas como vivo encarcerado em incerteza!
E da dor dificilmente me recomponho,
Tudo o que resta é mais que medonho,
Até sonhar se torna inevitavelmente pobreza…
E é nos poros profundos do não concreto,
Que se me acumula em raízes o tédio,
Doença em expansão, onde decreto
Estar fora de contexto o alcançar do remédio
Que me faria feliz! Caminho de vida no não recto!
Sinto-me tão sóbrio, e ao mesmo tempo ébrio…
Paulo Alves