Rodeio-me do odor trémulo de quem receia,
Sombras que se confundem no luar...
Fantasmas a lembrar outro tempo.
Enfeito-me de cores,
De frutas maduras e tantos sabores,
Da vida que se ausenta no vento...
Desertos de oásis em pleno mar,
Relógios que param a cada hora e meia.
Salgo-te os olhos na partida,
Lembranças que a morte nos leva
Nestes caminhos ávidos de tortura.
Toco-te em leve pensamento,
Recuso esta vida, por aquele momento,
O teu abraço sonhado com ternura,
Parca silhueta que se eleva
Na velha esperança desaparecida.
Percorro-te as mãos sem sentir,
Loucuras enfeitadas de eufemismos,
Passos que dou na minha direcção.
Provo-te a calma,
Suicido-me com a escrita sem alma,
Arranco e molesto o infeliz coração...
Ser velhaco cercado de pragmatismos,
Erro fatal... olhar em ti e vir.
Desleixo-me neste mundo de preconceito,
Veredas que passo só... perdido!
Seco as gotas da chuva,
Olho-me orgulhosamente para dentro,
Sinto-me rei... o centro,
O vinho de Baco que sai da uva,
Sátiro, louco e ofendido,
Sou como sou, como te aceito.
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma