Passeia em mim, com teus compassivos passos,
Pois hoje, na lucidez, nem a verdade me acalma!
Faz-me pressagiar, a ardência dos teus abraços,
A acalorar do inflexível frio, a contrafeita alma!
Ancoro em ti, meu único porto é em teus braços!
Hoje na loucura, nem o delírio me devolve a calma!
Oscilo ao vento da razão, e em meus sonhos baços
Sou como folha caída, da mais esguia palma…
Ao anuir, a alma em vício almeja
Ser mais em ti presente, do que o meu próprio agora,
Ser a sombra erigida do que cuides que seja!
Ao deitar, se consome o tempo da hora
Sempre que de ti não sei! E o pensar que sobeja
É ver-me em teus sonhos… Mas do lado de fora!
Paulo Alves