Corre vagarosamente, pelo seu leito,
o caudal de um rio, que me lembro, desde
sempre, ali existir e de lá me banhar,
enquanto criança, junto com meus amigos,
que, tal como eu, tinham asas, que era
todo o deslumbre, da natureza, à descoberta.
Tudo era enorme e sem fim à vista, e, as
grandes montanhas, eram, desde tempos
remotos, a conquista maior, a ser alcançada,
povoando nossos sonhos irrequietos, noite
e dia, ao olharmos aqueles grandes penhascos,
onde a neve persistia, durante todo o ano.
Diziam os mais velhos, que por lá existia uma
grande variedade, de animais selvagens, desde
alces a ursos a matilhas de lobos, correndo sem
descanso, até alcançarem, suas presas aterrorizadas,
pelo espectro da morte inevitável, e, que, os lobos,
finda a caçada, uivavam, ante a sua conquista.
Não temendo estas histórias, preparamo-nos para
subir a grande montanha, no dia seguinte, bem
agasalhados e de mochila às costas, onde havíamos
posto, toda a comida possível, para que nada nos
faltasse, em nossa empreitada, mas, desde cedo,
deparamo-nos com enormes obstáculos, à causa.
Isto porque a cada passo dado, dois atrás se seguiam,
atraiçoados pelas falsas pedras, que se deslocavam e
rolavam montanha abaixo, deixando-nos assustados,
na eminência de uma queda fatal. Incentivando-nos uns
aos outros, sem temor, prosseguimos lentamente, e, aos
poucos, fomo-nos aproximando, do desejado cume.
Por fim a glória era nossa, quando, exaustos de todo,
nos achamos no cimo da temida rocha, jogando
tudo para o chão, e, a plenos pulmões, nossa alegria,
fizemos ecoar, pelos vales vizinhos. E assim, a meio tanta
magia, num círculo eterno, olhos nos olhos, sorrimos:
deixáramos de ser crianças, para nos tornarmos homens.
Jorge Humberto
16/01/09