distância
paulo monteiro
olhos curtos terra longa
gente cansada esperando
sentada pelos barrancos
olhos curtos terra longa
que longa se alonga longa
por léguas palmos de chão
olhos curtos terra longa e
os olhos se vão cansando
no corpo cansado e suado
enquanto a mão passa e prende
seus dedos pelos torrões
que dos barrancos resvalam
olhos curtos terra longa
quão longa estrada é margeada
pelos barrancos de pedra
olhos curtos terra longa
mas todos olhos se alongam
e toda terra se encurta
(do livro inédito eu resisti também cantando)
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos