elogio ao poema
paulo monteiro
olhos não tens para ver além
da nuvem do homem da nuvem
só um poema assassinado
na isla negra
pacífica do chile que foi
pacífico demais
não morreste mataram-te
las hienas voraces
de teu poema pablo poeta
irmão poeta e camarada
teu corpo está na terra
ensangüentada dos condores
teus poemas estão vivos
falando pelos que não podem falar
os pinochet & cia
hão de durar como a noite
amanhã será outro dia
no céu de santiago
teu poema raiando vermelho
na boca de todos os homens
e mulheres
e crianças
e operários
e camponeses
pablo mataram-te
destruíram la moneda
os operários e camponeses
de e teus poemas continuam vivos
para fazerem teus poemas raiar
nos céus de santiago vermelha
nos céus de todas as
santiagos do mundo
(do livro inédito eu resisti também cantando)
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos