ao poeta lírico
paulo monteiro
olha
que tenho marcas
de ferros nos pulsos
e nos tornozelos
não me apertes desse jeito
mulher
entre teus braços e pernas
pois as velhas cicatrizes
podem romper-se algum dia
olha
que tenho marcas
de mordaças nos lábios
na boca e no nariz
não me beijes desse jeito
que a noite é longa sombria
e temos de estar atentos
enquanto os guardas não dormem
e a ladroagem também
(do livro inédito eu resisti também cantando)
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos