O que é real?
E o que é conseqüência?
Envolto na luminosidade dos teus trapos
Estão cuidadosamente escondidas
As lacunas do ser.
A luminosidade do dia que cega
Ofusca o breu noturno
Que indaga aos meus olhos:
È real o que se pode ver?
Intangível véu de serenidade,
Impalpável véu de segurança.
Equilibrando o caos numa balança
Que pesa a medida entre o bem e o mal.
Castigo ou herança?
Qual o verdadeiro propósito
Do afago das sensações?
Até hoje o principal triunfo dela-
Maia-
É separar-me de você,
Fracionar o elo da vida
Em pequenas partes independes de si,
Que guerreiam incessantemente
Para alcançar e sobrepujar o outro.
Como fração insignificante do universo.
Não nos permite perceber que o bem que lhe faço
Faço a minha própria existência.
A “irracionalidade” da natureza
Mostra-nos que a peça é parte do todo
Assim como o todo é parte da peça
Teatral ou mecânica,
Visceral ou trivial.
Para transpor-te
Vale a velha máxima
Se teu olho te faz tropeçar arranca-o.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros
Baseado no livro "O Mundo como Vontade e Representação" Arthur Schopenhauer.