Não me contento estar
no mesmo lugar onde esta você,
ti sentir sem ti tocar,
ti imaginar e não tiver.
Na incandescência da chama,
já ti busquei.
Na água fria de rios,
na lua hasteada no céu vazio
e até mesmo nas pedras que tropecei.
Ti talhei em madeira,
adornei com ouro o barro que ti esculpi,
ti construí catedrais,
imortalizei - ti entre os mortais
na forma que ti escolhi.
Adentrei-me em teus livros.....
um labirinto de metáforas,
discursos distorcidos,
ausência de sentidos
em excesso de palavras.
O milagre de estar vivo,
não,eu não desprezei,
mas me passou despercebido
enquanto era consumido
pelas contestações que alimentei.
Assisti a Darwins rasgarem tua poesia
e Galileus reinventarem o teu céu,
sustentados por uma sabedoria
de uma inteligência que se cria
a sangrar quem os concebeu.
Quando a percepção me permite
e a luz fosca da lógica é menor que o desejo,
a pouca fé que resiste
esforça-se para que eu acredite,
no Deus que eu busco e não vejo.