poema
paulo monteiro
poema das ruas tortas
desertas cheias de pó
com homens cheios de pó
e a consciência deserta
os homens caminham sós
pelas ruas sem destino
com a marmita vazia
e muito pó no estômago
o meu poema caminha
com homens empoeirados
por essas ruas poeirentas
com a marmita vazia
homens que não sabem
o que é fazer poema
poema é coisa de rico
poema de pobre é fome
sua língua é diferente
de uma língua semelhante
os homens cheios de pó
têm uma língua somente
a língua de sua barriga
barriga de vila fome
(do livro inédito eu resisti também cantando)
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos